Filosofia de Calçada
Eu gostaria de exprementar o silêncio por alguns dias, eu não sei, essa distância dela me deixa ferido, pessoas falando coisas que eu não estou afim de escutar, que acho absurdamente inveja do que eu tenho em mãos, inveja de eu ter ela só pra mim. E ali naquela calçada, ela ficava repetindo de novo e sempre a mesma coisa, e eu adorava aquilo, sempre me olhando e dizendo que me amava, acho isso tão perfeito, e eu sempre respondia que lhe amava também, mas eu queria dizer. – Querida, olha só pra gente, estamos tão afastados de nós mesmos, apenas tesão e mais tesão, pequenas trocas de palavras, olha só pra isso, em breve estaremos afogados nós dois em um bar, você aqui e eu lá, sentados de costas um pro outro, entornando doses e mais doses de 51 com mel, olha que coisa estranha, eramos tão apegados, tão carinhosos e tão cuidadosos um com o outro, agora parecemos dois estranhos, que antes mesmo de se conhecer já sente raiva um do outro, olha querida não tenha raiva do que nos tornamos, vamos mudar os planos, vamos nos amar cada vez mais, vamos tentar recomeçar outra vez e dessa vez sem ligar pro resto, aqui nessa calçada, nesse verão ou nesse inverno, vamos mudar tudo e tudo outra vez será como o dia que nos conhecemos. – Mas isso não é o que eu quero dizer agora, deixa isso pra outra hora, quando realmente acontecer, por que se depender de mim isso jamais vai acontecer. Agora eu só quero dizer que eu à amo, e somente isso. Mas parando pra pensar na possibilidade do acaso de um dia realmente ser preciso dizer isso tudo e tudo mais, comecei a pensar em quantas vidas, quantos amores, quantos amigos e desconhecidos já passaram por ali. Em alguns esbarrões uns amigos novos, em algum encontro um novo casal, em algum bar dessa mesma calçada, amigos tomando um chopp gelado, um uísque, que louco seria se nessas calçadas pelo mundo milhões de histórias surgissem, pessoas brigando, se divertindo, lembranças ficando na cabeça das pessoas. Existe uma música com o mesmo nome desta crônica, composta pelo Cazuza, que fala um pouco sobre isso, mas não claramente, eu nunca consegui ouvir ela, pois ela não pode ser encontrada em lugar algum, mas se um dia eu tiver a oportunidade de ouvir, ou de achar, colocaria como tema desta crônica, essa música. Acho que em cada calçada, em todo o mundo, ou até mesmo sem calçada, fora de casa, no quintal, ou dentro de casa, ou até mesmo na rua, na lotação, nos carros, ou nos trens, metrô, seja onde for, vai surgi histórias inesquecíveis sejam tristes ou felizes, é história sobre tudo, sobre essa filosofia de calçada que faz de nós uma sociedade que jamais será esquecida.
E ali junto dela, pensei nisso tudo, enquanto esperávamos a lotação para irmos para casa, ali naquela calçada, em algum lugar deste mundo, eu só queria viver aquele amor, que é perfeito, que é o que me faz bem, e mesmo longe, com as pessoas falando absurdos sobre tudo, eu não ligo, pode me deixar mal essa distância dela as vezes, mas o amor tem me feito um bem que desejo pra todos, que saibam amar como eu amo.
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