A Vida como ela é

18:19 Phelipe Malek 0 Comentarios

De longe enxergava-se Orlando, jovem sonhador, porém podia se ver também que o mesmo não estava bem, seguindo em linhas tortas pela calçada, quase jogando-se ao chão por não aguentar mais andar, segurando sua garrafa de conhaque na mão e dando goles exagerados pelo caminho, tudo era absurdamente uma merda na vida dele. Perdeu mulher, casa, cachorro, mãe e pai em um acidente, todos moravam no mesmo quintal no alto de um morro, a chuva forte veio e levou tudo, Orlando era o único que estava trabalhando e por isso não morreu na tragédia. Sua vida entrou em colapso, Orlando que antes não bebia, agora afogava-se em um mar de conhaque e exterminava a vida de seu pulmão com muitos cigarros. Sem rumo, sem amigos, sem nada nesta vida que tornou-se uma merda, estava determinado a morrer da pior forma possível, de forma lenta. Ou viver lentamente trancado em um manicômio por não aguentar a vida como ela é. Seu desespero estava prestes do fim, foi encontrado em uma calçada qualquer por algumas mulheres que acolhiam vitimas dos desastres, era uma casa bem grande, e quando acordou lá, estranhou totalmente o que estava acontecendo, porém aquelas mulheres e outras vitimas dos desastres foram sendo ajudados até superarem tudo e recomeçarem suas vidas, um certo dia, uma das ajudantes ia se casar de novo, Orlando acendeu um cigarro e então observou o vestido da noiva, ela estava acabando de exprementar para usar no dia seguinte, Orlando namorou o vestido durante horas, enquanto acabava com um maço de cigarros, após todos dormirem durante a noite, Orlando colocou o vestido, de alguma forma ele se sentia bem daquele jeito, nunca havia se casado, e então o destino resolveu dar-lhe um final digno, está vida que ele tinha não era o suficiente para superar todas as perdas. De manhã, ao entrarem no armário que mais parecia um quarto para pegar o vestido, a noiva deu um grito e então a cena estava bem clara e trágica, Orlando estava enforcado e pendurado, enquanto usava o vestido e segurava um bilhete em suas mãos que dizia "Nunca me casei, nunca tive nada de bom nessa vida, e hoje sem dúvida me casei com a morte, que foi tudo que me restou".

De qualquer forma, a vida e a morte são meio exagerada, é bem, assim, como ela é, e como deve ser, e como será.

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