Marcos: Sinos do Inferno
Acendi um cigarro sem saber o que fazer, ela estava morta ao meu lado, e eu não vi, não percebi o por que eu havia deixado isso acontecer. Como eu não pude ouvir ela morrer? Chamei a policia, eles tem que me ajudar a resolver isso, eles precisam me tirar disso antes que só me puxe pra baixo e vá além. Ela estava esticada com os braços pra cima, o lençol cobrindo suas partes intimas, não havia mancha de sangue, foi estrangulada. Há policia demorou um tempo pra chegar, eu já havia fumado cinco cigarros. Era tudo tão estranho, por que alguém à mataria deste jeito?Após a policia chegar eu ajudei a examinar o corpo e descobrimos que ela não morreu por qualquer motivo, ela havia sido estrangulada, deve ter se contorcido do meu lado e eu não pude ouvi-lá. Meu parceiro Fred chegou a pensar que eu havia matado ela, ele nunca soube da minha estoria com ela e nem meu envolvimento. Ele mandou os outros dois detetive ir confirmarem meu álibi. Após confirmarem voltei pra delegacia com eles, no caminho expliquei o que aconteceu e pensei em quem poderia ter matado ela. Eu simplesmente não consegui encaixar ninguém que quisesse fazer mal a ela. Investigamos a vida dela, embora eu já soubesse de tudo. Concluímos que não tinha ninguém que se encaixasse no padrão até que eu fiquei uns dias pensando e a ficha caiu.
Quando fiquei com ela pela segunda vez, ela chegou me contando toda emocionada que havia começado a namorar a Marcela, mas ela parecia tão preocupada com algo que eu não sei bem o que era. Fiquei um bom tempo conversando com ela, falando como aquilo foi precipitado, mas ela não se importava, até que ela deitou-se em meu peito, e começou a chorar. Foi estranho, ela estava tão feliz e agora tão triste. Fiquei com medo de ter sido algo que eu disse. Sequei as lágrimas dela e fiz ela lavar o rosto, enquanto ela estava no banheiro pedi comida por telefone e também um vinho. Eu tinha que alegrar ela de alguma forma, não suporto ver ela chorar, nunca suportei e se um dia eu fizesse ela chorar, seria como apunhalar uma faca no meu peito e gira-la.
- Você é um anjo. - disse ela enquanto comíamos.
- Por que? - perguntei me fazendo de desentendido.
- Faz essas coisas toda por mim, como um irmão, o tempo todo me protegendo do mundo lá fora. - respondeu ela sorrindo.
- Sabe que eu amo você e não suportaria te perder por qualquer coisa, apenas cuido do que é meu.
- Você é um fofo.
- Gostou da comida?
- Claro, sabe que adoro comida assim.
- Então prepare-se para o vinho. - ela fez uma cara de surpresa, talvez fosse o que ela realmente queria agora, algo para beber e esquecer de todos os problemas e indecisões.
- Você adivinha meus pensamentos mesmo. - disse ela abrindo o vinho.
Após abrir o vinho, terminamos de jantar e bebemos o vinho, enquanto eu fazia umas graças para que ela risse, fumamos alguns cigarros e ela estava ficando meio bêbada já. Estava completamente tonta e caindo, coloquei ela deitada na cama e então fiquei deitado com ela, enquanto ela me contava algumas loucuras que fazia quando eu não estava por perto.
- Acho que a pior loucura de todas, foi ter começado a namorar o Luke. - fiquei surpreso.
- Quem é esse Luke? - perguntei com um pouco de ciumes.
- Quando você foi para Carolina do Norte, e demorou alguns meses pra voltar, eu namorei o Luke, terminamos a pouco tempo.
- E por que eu só estou sabendo disso agora? - fiquei nervoso.
- Por que eu não ligava, nunca me importei com ele e nem com esse namoro, foi apenas pra eu não me sentir sozinha.
- E quanto tempo vocês terminaram?
- Tem cerca de um mês e meio.
Retomando ao presente da investigação do assassinato, lembrei desse dia com ela, não cheguei na parte que a beijei de novo ainda, calma. A questão é que ao lembrar disso, procurei o endereço de Luke e o chamei para interrogatório, fiz todas as perguntas possíveis e deduzi que ele a tinha matado por ciúmes. Acontece que o álibi dele confere e ele realmente estava viajando quando ela foi morta, voltou algumas horas antes de irem busca-lo. Fiquei pensando se deixei passar algo, e é agora que voltamos ao exato momento final daquela noite que bebemos vinho e jantamos.
Ela estava melhorando e já tinha parado de beber, até que ficamos nos olhando durante um tempo, na verdade foi um bom tempo, ela estava tão linda, ela sempre foi tão linda que eu nunca pensei que fosse acabar ficando com ela de novo. Eu nunca fui muito de me dar bem com as garotas, muitas me viam só como amigo e algumas até me desprezavam. Eu sou bastante carismático, talvez isso ajude em algo. Mas carisma nunca te faz transar alguém se você não for um bom ator pra isso.
Depois de muito tempo olhando pra ela eu lhe beijei, nunca pensei que isso fosse acontecer de novo, e naquele dia. Acontece que depois que terminamos de nos beijar, foi um beijo bem longo, ela se sentiu mau de novo e foi embora sem dizer nada. Não entendi, até ela me dizer no dia seguinte que não se sentiu bem com aquilo por que traiu a Marcela e ia contar pra ela e ser bem sincera. No mesmo dia Marcela apareceu em meu apartamento com ela, e Marcela me ameaçou de diversas formas. Dizendo que ia me matar e que eu ia sofrer bastante por ter quase acabado com o namoro delas.
Lembrando desta ameaça, eu comecei a investigar um pouco sobre ela, inventei uma teoria e fui conferir o álibi dela no dia do assassinato, o álibi dela não batia com a hora do assassinato, então era Marcela que havia matado. Eu não pude acreditar quando descobri, fiquei louco e eu precisava encontra-lá, precisava fazer com que ela dissesse aquilo na minha frente. Elas mal haviam começado a namorar, eu queria ignorar que tivesse sido a Marcela, por incrível que pareça a Marcela estava fazendo bem a ela.

Eu havia quebrado o silêncio com um tiro, calma, não foi o tiro de uma arma qualquer e sim o tiro da verdade. Acertei o alvo assim como o caçador acerta a flecha em seu alvo. Parece que minha voz atravessou o salão fazendo todos se olharem, enquanto ela apenas não podia acreditar na própria queda. Sua mascara de tristeza caiu e os outros tiraram suas mascaras para observa-la.
- Por que você matou ela? - gritei com raiva.
- Por que mandaram. - respondeu ela com uma voz suave, como se agora nada mais importasse.
- E quem mandou? - eu iria fazer de tudo pra descobrir a verdade.
- Eu não posso dizer. - respondeu ela se aproximando, botei a mão na cintura para sacar a arma.
- Você precisa dizer, isso tem que ter um fim.
- Eu também me liguei a ela nesse pouco tempo, mas se eu não matasse ela, ele mataria a mim e a você.
- E quem é ele?
- Se você prometer que ira pega-lo, eu te digo quem é. Mas isso custara minha vida!
- Eu prometo, mas por que você tinha que mata-la? - neste momento eu já estava em lágrimas querendo apenas um abraço de consolação. - Deixasse ele vir atrás de mim, eu te daria segurança.
- Por que se eu não matasse ela da maneira que ele pediu, todos iam morrer no mesmo lugar. Beijando os pés dele na cova de um cimiterio qualquer, ninguém ia achar nosso corpo e nem a gente entenderia o por que.
- Me diz logo quem ele é.
- Descubra o motivo e vingue ela, mas se morrer no caminho, só nos veremos no inferno.
- ME DIZ LOGO O NOME DELE.
- Ramon. - fiquei em choque, era o assassino mais procurado nos últimos anos, número um na lista do FBI.
- Não é possível.
- Adeus Marcos.
Neste mesmo momento cai de joelhos sem acreditar, sem entender o motivo do assassino mais procurado do pais ter condenado a morte de Carol. Minha melhor amiga, meu primeiro amor, a mulher que eu tinha construído sonhos e compartilhado segredos há muitos anos. Eu prometi a Marcela que ia pega-lo e irei cumprir a promessa. No dia seguinte Marcela foi encontrada morta, jogada encima de um túmulo no cimiterio, os braços quebrados e torcidos para trás, o pescoço quebrado e totalmente nua. É nessa hora que eu queria acordar e perceber que aquilo era só um pesadelo, mas era a realidade apunhalando a ponta do icebergue em minhas costas.
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