Rebu
Os dias parecem tão silenciosos aqui de dentro. Não existe um caos, ou rebuliço acontecendo, tudo está diferente, como se eu tivesse conseguido manter aquela paz interior que tanto almejei. Não quero sair, não quero dormir, não quero fugir. Quero permanecer aqui, me entregando aos meus devaneios, quero viver nesta jaula onde as pessoas entram, sai, e eu relevo meu sarcasmo. Tudo o que eu não queria, era sair. E se eu sair, quero ir e voltar o mais rápido possível, livrar minha visão dos horrores que estão lá fora, dos epitáfios.
Venho escrito sobre tantas coisas, e tenho escrito sobre o nada, escrito sobre minha vida, que se resume ao nada. Não existem novidades, não existe problemas pra contar, ou qualquer coisa que deveria ser contado. Eu simplesmente me sentei no sofá com uma caneca de café, coloquei alguma música que me lembre infância, que me lembre ela, e escolhi viver aqui, na minha jaula, no meu aconchego, no escuro, com meu barulho e sem ter que viver isso que está lá fora, que está nas pessoas, e que está na desunião, na falta de apego, na ausência do amor. Ela se foi, e levou tudo o que ainda restava de bom, levou a sí, e instaurou o apocalipse que eu tanto temia para está família, eu só escolhi sentar aqui e assistir.
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